Uma Loja Colaborativa….

Cá estamos nós para o nosso artigo mensal 😃 Esperamos que tenham gostado do artigo do mês passado e que este vos prenda da mesma forma ou mais ainda 😃 

Quem segue aqui o nosso cantinho e descobre que realizamos artesanato há quase nove anos, podem pensar: “tanto tempo assim?” É verdade, mas nós ainda nos sentimos uns bebés nestas lides.

Conforme nos vamos mantendo no mundo do artesanato e nele vamos progredindo e investindo mais da nossa vida, chega um ponto que queremos que, quer o nosso nome, quer a nossa marca se tornem mais conhecidos. Porém, nem sempre os nossos artigos (nem o “passa a palavra” que podem originar) ou as redes sociais são suficientes para isso. Assim, de modo a nos darmos a conhecer a mais pessoas, criamos parcerias com lojas colaborativas, um pouco por todo o país.

Se a memória não me falha, penso que a primeira vez que ouvi falar de lojas colaborativas foi em 2011. Achei um excelente conceito: uma loja onde em cada espaço alugado se assume como uma micro-loja de um/a artesão. A dona da loja gere todo o negócio, em nossa representação, e como nome indica cria-se uma plataforma de colaboração entre artesãos, implicando uma diversidade de produtos no mesmo espaço. Uma ideia aliciante, até para perceber a reacção do público aos nossos produtos e, quem sabe, até fazer um “teste” de uma opção de negócio para o nosso futuro. 

Depois desta primeira experiência muitas outras vieram. Umas correram bem, outras correram muito mal. Mas é com as experiências que aprendemos e, hoje em dia, já vou sabendo selecionar com quem pretendo trabalhar.

Infelizmente, não é fácil encontrar lojas destas. Na zona onde vivo e com quem trabalho actualmente, há apenas uma, pertinho da minha casa.

Às lojas de mais longe, costumo tentar fazer uma visita, uma vez por mês, e ontem (17 de Março) decidi fazer a visita anual (neste caso concreto) à minha Loja de Oliveira do Hospital. Já que ia lá, aproveitei para fazer uma pequena entrevista à minha querida Marisa Saraiva, dando-lhe mais uma oportunidade de dar a conhecer o seu cantinho de magia.

No caminho para esta belíssima terra, deparei-me com a destruição que assolou esta região, em Outubro, e tentei imaginar como terá sido difícil para estas pessoas, incluindo para a Marisa, toda esta situação. Afinal, uma coisa é vermos na TV, outra coisa é passar pelos sítios que, ainda há uns meses havíamos passado apreciado o seu verde e viçoso coberto vegetal, serem agora um manto preto desolador. Isto ainda me deu mais certezas que a Marisa e sua Mil’artes seria a escolhida para este mês. Além de ser a minha parceira mais antiga (há já três anos) estou com ela desde do primeiro dia que a loja abriu e não me arrependo de nada. E espero que muito mais três anos comemoremos juntas 😃 

Fizemos algumas perguntas à nossa querida Marisa, para desta forma vos apresentar a loja Mil’artes-Loja Artesanato

CaixaSandrinha( CS) – Conta-nos como começou o projecto Mil’artes?

Mil’Artes ( MA) – Ao contrário do que acontece com algumas pessoas, que optam por abrir um negócio próprio para tentar sair do desemprego, eu estava empregada e na minha área de formação. Mas sabes quando sentes que tens de mudar de vida, dar outro sentido a mesma? Pois eu estava nessa fase. A minha mãe tinha falecido, há um ano, ela era um dos meus pilares e o amor pelo artesanato que sempre tive levou-me a este meu projecto que também amo. Foi com esse mesmo amor que escolhi o nome Mila (pela minha mãe) Artes, porque queria juntar mil artes num só espaço. E assim nasceu a MIL’ARTES em Março de 2015.

CS – Porque uma loja colaborativa de Artesanato? 

MA – Porque tenho uma paixão pelo artesanato. Quando conheci o conceito, achei mesmo que era isto que eu queria: juntar num espaço várias artes com uma grande variedade e muita qualidade, e tudo português. Tenho conseguido esse meu propósito e, como costumo dizer, tenho as melhores parceirazinhas do mundo 😃

CS – Teres a loja em Oliveira do Hospital foi alguma vez motivo de sentires alguma dificuldade mais específica?

MA – Não pelo contrario. O segredo é saber onde nos encontramos. Ora eu tenho consciência que não estou numa zona turística, logo não escolho peças dedicadas ao turismo e adapto a loja para a região onde me encontro.


CS – Que produtos tens para oferecer aos clientes?

MA – Uma grande diversidade, dentro de várias técnicas e artes. Temos produtos para bebés, para crianças e para os adultos. Para decoração de casa. Organizamos festas, sejam elas batizados, aniversários, primeiras comunhões e até casamentos. Tento ter tudo aquilo que os meus clientes procuram e dar-lhes a segurança de poderem contar sempre connosco, para qualquer data mais significativa das suas vidas.


CS – Além dos produtos, que mais tem a loja para oferecer? 

MA – Em tempos, tentámos os workshops, mas ainda não acertei com o tema mais adequado 😃 Porém, ainda não desisti! E como parar é morrer, ainda vou magicar alguma coisa. Para já, o que fazemos de forma a levar o nome Mil’artes mais longe é participar em feiras de artesanato e não só. Levo as minhas peças (bijuteria) e depois explico às pessoas o conceito da minha loja. O mais gratificante é que já tive pessoas com quem me cruzei nessas feiras que vieram visitar a loja e conhecer este cantinho 😃 


CS – Oliveira do Hospital foi um dos concelhos mais afectados pelos incêndios de Outubro. Como foi, e como é viver com esta situação?

MA – Muito difícil… Nasci e cresci aqui. Esta é a minha terra e a minha comunidade. No dia que isto aconteceu, eu não estava em Oliveira, e quando vinha a caminho não nos deixaram passar… só pensava na minha terra. Voltei uns dias depois quando nos deixaram passar e a destruição era enorme. Passados todos estes meses, ainda existem pessoas hospitalizadas e outras a precisar de apoio psicológico. Ainda vêm cá pessoas cujas histórias são um verdadeiro terror. Mas somos um povo forte e sei que vamos dar a volta. Aos poucos, começamos a sarar as feridas. Mas por exemplo, ainda não consegui ir ao pé dos rios… Tenho medo de ver a destruição dessa zona tao bonita.

( Não vamos por fotos a nossa querida Marisa emocionou-se bastante com este momento e até nós que não somos da terra ficamos aterrados com a destruição que vimos )

CS – Para desanuviar um pouco, quais são os planos para o futuro da Mil’artes?

MA – Continuar o trabalho que até agora fizemos, sempre com as minhas parceirazinhas, e levar o nome e o conceito cada vez mais longe e mostrando a beleza do artesanato cada vez a mais gente.


CS – Para darmos como terminada esta entrevista, que conselho darias a alguém que se dirigisse a ti com a intenção de também abrir a sua própria loja colaborativa?

MA – Muita paciência, muito sacrifício, muita dedicação e muito amor pelo artesanato. Porque isto não é apenas alugar umas prateleiras e já está. Não é só lidar com o cliente final, mas também com os artesãos com quem trabalhos e fazer com que isto tudo resulte. Não existem duas pessoas iguais e temos de perceber que encontramos pessoas com feitios muito diferentes. Acho que o sucesso de uma loja destas é a selecção dos trabalhos, conhecer o artesão com quem trabalhamos e os seus trabalhos. Isso é muito importante.

Queremos agradecer à nossa querida Marisa da Mil’Artes pela sua disponibilidade para esta entrevista, e por ter acreditado em nós, há três, e ainda hoje estar sempre lá para nos apoiar e orientar 😃 

Aproveitamos para mostrar aqui o nosso cantinho na Mil’Artes




Esperamos que tenham gostado do artigo. Os vossos feedbacks são 😃 

Nota:


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